O tratamento principal e tradicional da doença de Parkinson é feito com um medicamento já utilizado há anos para aumentar a quantidade de dopamina no cérebro ou estimular diretamente os receptores dela: estamos falando da medicação Levodopa. Apesar de ser uma medicação segura e com eficácia para diminuir os sintomas principais da doença de Parkinson (tremores, rigidez muscular e lentidão dos movimentos), com o passar do tempo, infelizmente o paciente pode apresentar diminuição do efeito positivo do tratamento e, começar a apresentar efeitos negativos como o conhecido “efeito liga-desliga” , cujos sintomas ficam oscilando ao longo do dia ou da semana.
Os avanços da medicina proporcionaram a descoberta de uma cirurgia em que se implanta eletrodos no cérebro e faz-se uma programação para ajuste destes sinais neurológicos. Entretanto, há indicações específicas para esta cirurgia, sendo um dos critérios ter no mínimo quatro a cinco anos de tratamento convencional.
A doença de Parkinson se tornou uma doença crônica cada vez mais prevalente na sociedade e, paralelamente ao tratamento medicamentoso, é fundamental uma abordagem integrativa envolvendo:
- melhoria do estilo de vida;
- tratamento do sono pois quando melhoramos a qualidade do sono noturno, a disposição e o humor melhoram muito;
- tratamento de alterações do humor (ansiedade e depressão);
- melhora do hábito intestinal (é comum quadros de intestino preso)
- dieta balanceada com legumes e frutas, cereais integrais, além de restringir alguns alimentos inflamatórios como leite de vaca, industrializados, refrigerantes etc);
- suplementação com CoenzimaQ10
- fitoterapia como Mucuna pruriens
- tratamento com cannabis medicinal
Até o momento, existem mais de 40 estudos metodologicamente qualificados (incluindo 5 ensaios clínicos) que analisaram os efeitos do sistema endocanabinoide na doença de Parkinson. Isto significa que os fitocanabinoides canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC) podem proporcionar uma melhora terapêutica muito significativa aos pacientes com mal de Parkinson.
As evidências da cannabis medicinal para a doença de Parkinson são muito claras em relação ao:
- melhor controle dos efeitos colaterais motores causados pelo Levodopa (principalmente os movimentos involuntários);
- melhor controle dos sintomas não-motores causados pela doença em si, que são alterações do hábito intestinal, dor, insônia, ansiedade, depressão.
Na prática clínica, observamos que muitos pacientes tem se beneficiado com os efeitos terapêuticos da cannabis utilizando canabidiol (cbd) e tetrahidrocanabinol (thc).
Importante ressaltar que as doses são individualizadas, pois cada pessoa tem um sistema endocanabinoide diferente e suas particularidades que fazem com que a dose possa ser maior ou menor. O ajuste dos medicamentos é feito de forma cautelosa para sempre encontrarmos a melhor dose terapêutica possível para cada paciente.